Desculpa

Desculpa se sou movida a sentimentos. Se só funciono com beijos, carinhos e palavras apaixonadas. Desculpa se preciso de dedicação especial, se sou insegura e não me garanto contigo. Desculpa se exijo mais cuidados do que me podes dar.
Desculpa se não olhei para os lados antes de atravessar a linha que leva ao amor. Desculpa se não pensei duas vezes antes de mergulhar de cabeça no nosso romance, se me entreguei sem titubear, incondicionalmente.
Desculpa se sou humana, se erro tentando acertar. Desculpa se fui sincera, se confiei e procurei em ti a compreensão que não me pudeste oferecer. Desculpa se acreditei em nós dois mais do que deveria, se me apego fácil e não sei gostar só um pouquinho.
Não sei se me devo desculpar, já que nem ao menos estou certa de que te consigo absolver.
Não sei se te perdôo pelas coisas que tu fizeste sem pensar, pelas tuas palavras amargas ou seu silêncio indiferente. Não sei se te perdôo pelas noites que não dormi, pelas madrugadas que liguei e tu não me atendeste. Não sei se te perdôo pelas lágrimas que derramei e pelas que ainda insistem em escorrer pelo meu rosto.
Não sei se te perdôo por me julgar e criticar sem ao menos me ouvir ou tentar entender. Não sei se te perdôo por brincar com meus sentimentos, por desprezar o que senti e sinto por ti, por me humilhar quando o que eu mais queria era teu alento. Não sei se te perdôo por tudo o que sofri por ti.
Insisto: desculpa se te quero odiar mesmo quando te amo com todas as minhas forças.

Quase

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Quero Desconfiar do destino e acreditar em mim. Quero Gastar mais horas a realizar do que a sonhar, fazer do que planear, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.